Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Pensa&Sente

Pensa&Sente

11
Mar20

Meditações (XXI)

A meditação não é um meio para atingir um fim, não há nenhum fim, não há nenhum chegar; ela é um movimento no tempo e fora do tempo. A atenção, sem escolha, a cada movimento do pensamento e do sentir, a compreensão dos seus motivos, dos seus mecanismos, permitindo que o pensamento e o sentir "floresçam", é o nascer da meditação. Quando o pensamento e o sentir florescem e morrem, a meditação é um movimento além do tempo. Nesse movimento há êxtase; nesse vazio total há amor, e com amor há destruição e criação.

"Meditações" Krishnamurti

10
Mar20

Meditações (XX)

Meditemos, pois, nos profundos recantos do nosso coração e da nossa mente, naqueles recantos em que nunca estivéramos antes.

"Meditações" Krishnamurti

09
Mar20

Meditações (XIX)

Nunca devíamos juntar-nos a um grupo ou a outra pessoa para meditar: só o devíamos fazer em solidão interior, na quietude da noite, ou na serenidade do amanhecer. Quando assim meditamos devemos fazê-lo em verdadeira solidão interior. Temos de estar completa e interiormente sós sem seguirmos nenhum sistema, nenhum método, não repetindo palavras, não indo atrás de um pensamento, ou moldando-o de acordo com o nosso desejo.
Esta solidão interior surge quando a mente está liberta do pensamento. Quando há influências do desejo ou das coisas que a mente está a tentar alcançar, seja no futuro ou no passado, não há essa solidão. Apenas na imensidade do presente esse estado de solidão acontece. E então, em tranquila intimidade, na qual cessa toda a comunicação superficial e onde não existe observador (o "eu" condicionado) com as suas ansiedades e os seus insensatos apetites e problemas – só então, nessa serena solidão, a meditação se torna algo que não pode ser posto em palavras. Então a meditação é um sentimento intemporal.
(…) Apenas numa meditação assim surge o amor. Não nos preocupemos a dar-lhe expressão: ele expressar-se-á por si próprio. Não o utilizemos. Não tentemos pô-lo em ação: ele atuará, e quando ele atua, nessa ação não haverá pesares, nem contradição, nada que tenha a ver com a infelicidade e o sofrimento humanos.
Portanto, meditai inteiramente sós. Perdei-vos do que habitualmente sois. E não tenteis lembrar-vos do que se passou. Se tentais recordá-lo, então isso será algo morto. Se vos agarrais a essa memória, nunca mais estareis de novo sós. Meditai, pois, nessa infinita solidão, com a beleza do amor, da inocência, daquilo que é sempre novo – então acontece aquela felicidade profunda que é imperecível.

"Meditações" Krishnamurti

07
Mar20

Meditações (XVIII)

A meditação é o desabrochar da compreensão. A compreensão não está dentro das fronteiras do tempo; o tempo nunca traz compreensão. A compreensão não é um processo gradual em que se vá juntando, pouco a pouco, cuidadosa e pacientemente. A compreensão acontece agora ou nunca; é um relâmpago "destruidor", e não uma coisa monótona; é desse estilhaçar que se tem medo e, assim, procura-se evitá-lo, consciente ou inconscientemente. A compreensão pode alterar o curso da nossa vida, o modo de pensarmos e de agirmos; pode ser agradável ou não, e ser um "perigo" para os nossos relacionamentos. Sem compreensão, o sofrimento continua. O sofrimento só finda através do autoconhecimento, através da atenção a cada pensamento e emoção, a cada movimento daquilo que se revela a nível consciente e daquilo que está oculto. Meditação é a compreensão da consciência – a da superfície e a oculta – e é também a compreensão do movimento que está para além de todos os pensamentos e emoções.

"Meditações" Krishnamurti

06
Mar20

Meditações (XVII)

Nessa atenção total da meditação, conhecer e reconhecer não existem, tal como não existe a lembrança de algo que tenha acontecido. Na meditação, o tempo (psicológico) e o pensamento cessam completamente, porque eles são o centro, e este limita a sua própria visão.
Ao meditar-se, o pensamento extingue-se, no momento em que se faz luz. O esforço consciente para experienciar e a lembrança desse momento já são só a expressão, a palavra, do passado. E a palavra nunca é o facto, o real. Nesse momento – que é intemporal – a realidade última é o imediato, mas essa realidade não se traduz por nenhum símbolo, nem é privilégio de nenhuma pessoa, de nenhum "deus".

"Meditações" Krishnamurti

05
Mar20

Meditações (XVI)

Raramente escutamos com atenção o som de um cão a ladrar, o choro de uma criança, ou o riso de um homem que passa por nós. (…) Se escutássemos o som daqueles sinos, em completo silêncio, poderíamos viajar com eles – ou, antes, o som levar-nos-ia a atravessar o vale e subir ao alto do monte. A beleza disso só se sente quando fazemos parte dela. Meditar é o fim da separação – sem ser por qualquer ação da vontade ou do desejo.
A meditação não é algo separado da vida; é a própria essência da vida, a própria essência do viver quotidiano. Escutar aqueles sinos, ouvir o riso daquele camponês que vai conversando com a mulher, escutar o som da campainha da bicicleta da rapariguinha que passa por nós: a vida toda está aí, e não apenas um fragmente dela. E é a vida toda que a meditação revela.

"Meditações" Krishnamurti

04
Mar20

Meditações (XV)

A satisfação e o prazer podem comprar-se, por um preço, em qualquer mercado. Mas não podemos comprar, seja para nós ou para outrem, a felicidade autêntica e profunda. A satisfação, tal como o prazer, prende-nos ao tempo; só na total liberdade interior, a felicidade intemporal, que é beatitude, existe realmente.
(…) A felicidade profunda – esse estranho sentido de alegria – não tem motivo algum. Não é possível obtê-la indo à sua procura. Quando ela acontece – o que depende da qualidade da nossa mente – permanece, intemporal e sem causa, algo que o tempo não pode medir.
A meditação não é a busca do prazer ou a procura de satisfação. É um estado da mente no qual não existe nenhum conceito nem nenhuma fórmula, havendo portanto total liberdade. Só a uma mente assim vem a beatitude, aquela serena e profunda alegria – e vem sem ser procurada, nem convidada a vir. Quando ela está presente, embora possamos viver no mundo, com todo o seu ruído e agitação, com todo o seu prazer e brutalidade, nada disso afetará a mente. Quando ela está presente, o conflito cessa – mas o findar do conflito não é necessariamente a total liberdade interior. A meditação é o movimento da mente nesta liberdade. Nessa explosão de serena alegria os olhos tornam-se inocentes, e o amor vem, então, como uma bênção.

"Meditações" Krishnamurti

03
Mar20

Meditações (XIV)

Só escutando o pensamento, deixando-o "florescer" e, assim, cessar, é que a meditação tem verdadeiro significado. O pensamento só pode "florescer" em liberdade – e não dentro dos moldes, cada vez mais variados, do conhecimento acumulado. O conhecimento acumulado pode proporcionar novas experiências de maior excitação sensorial, mas a mente que anda em busca dessas experiências é imatura. Maturidade é estar liberto de todas as experiências, é não estar sujeito a qualquer influência para ser, ou não ser, isto ou aquilo.
Maturidade, na meditação, significa a libertação da mente relativamente ao conhecimento acumulado, porque ela molda e controla todas as experiências. A mente que é uma luz para si mesma não precisa de "experiências". A imaturidade reside na ânsia de experiências mais espetaculares e variadas. Meditar é percorrer o mundo do conhecido e libertar-se dele para penetrar no desconhecido.

"Meditações" Krishnamurti

29
Fev20

Meditações (XII)

Se nos esforçarmos por meditar, não estamos a meditar. Se nos esforçarmos por sermos bons, a bondade não floresce. Se cultivamos a humildade, ela fica ausente.
A meditação é a brisa que entra quando deixamos a janela aberta; mas se deliberadamente a mantemos aberta, com o propósito de atrair a brisa, ela não aparece.

"Meditações" Krishnamurti

28
Fev20

Meditações (XI)

A meditação não é algo diferente da vida de todos os dias; não é isolarmo-nos no canto de um quarto, para meditar durante dez minutos, e depois sairmos dali (…)
Meditar é algo da maior seriedade. Podeis fazê-lo durante o dia, no emprego, com a família, quando dizeis a alguém "Amo-te", quando cuidais dos vossos filhos (…)
Observar tudo isso, compreender a vossa participação nisso, faz parte da meditação. E quando assim meditais encontrareis nesse meditar uma beleza extraordinária; agireis corretamente em todos os momentos; e se num dado momento assim não for, não importa; tentareis de novo agir corretamente – sem perder tempo em lamentações. A meditação não está separada da vida, faz parte dela.

"Meditações" Krishnamurti

27
Fev20

Meditações (X)

O solo em que a mente meditativa pode desabrochar é o solo da vida quotidiana, com os seus conflitos, dores e fugazes alegrias. Deve nascer aí, para criar ordem, e a partir desta prosseguir constantemente. Mas se estamos apenas interessados em criar ordem, então essa mesma "ordem" trará a sua própria limitação, e a mente ficará dela prisioneira. Em todo este movimento, temos, de algum modo, de "começar" a partir do outro lado, a partir da outra margem, sem estarmos sempre preocupados com esta margem ou em como atravessar o rio. Temos de dar um mergulho na água sem saber nadar. E a beleza da meditação é que nunca sabemos onde estamos, onde é que vamos, qual é o fim.

"Meditações" Krishnamurti

26
Fev20

Meditações (IX)

Se não sabemos o que é a meditação – e ela é realmente muito extraordinária – somos como cegos num mundo de cores vivas, de sombras e de luz em movimento. Meditar não é uma atividade intelectual, uma atividade mental, mas quando o coração "inunda" a mente, esta adquire uma qualidade inteiramente nova; fica então, verdadeiramente, sem limites, não só na sua capacidade de pensar e de agir com eficiência, mas também no sentir que está a viver num espaço imenso, onde fazemos parte de tudo.
A meditação é o movimento do amor. Não é o amor de um só ou de muitos. É a água que brota, inesgotável, e que qualquer pessoa pode beber, por um jarro qualquer, seja ele de ouro ou de barro. E acontece uma coisa singular, que nenhuma droga ou auto-hipnose pode fazer acontecer: a mente como que entra em si mesma, começando à superfície e penetrando sempre mais profundamente – até que "profundidade" e "altura" perdem o seu significado e toda a forma de medida cessa. Neste estado há completa paz – não um contentamento que surge como uma recompensa – mas uma paz que é ordem, beleza e intensidade. Pode ser destruída – tal como se pode destruir uma flor – e, contudo, devido à sua subtileza e ausência de rigidez, ela é indestrutível. Esta meditação não pode ser aprendida de outrem. Temos de "começar" sem nada saber sobre ela, e de ir sempre de inocência em inocência.

"Meditações" Krishnamurti

25
Fev20

Meditações (VIII)

Andar sempre à procura de "experiências transcendentes", mais variadas e intensas, é uma forma de fugir da realidade presente, daquilo que é, ou seja, de nós mesmos, da nossa própria mente condicionada. Uma mente desperta, inteligente, livre, que necessidade tem dessas experiências? A luz é luz; não anda à procura de mais luz.

"Meditações" Krishnamurti

24
Fev20

Meditações (VII)

A meditação requer um trabalho de grande empenhamento. Requer a mais alta forma de disciplina – não a do conformismo, da imitação, da obediência – mas uma disciplina que nasce de uma atenção constante, não apenas às coisas que nos rodeiam exteriormente, mas também interiormente. Assim, a meditação não é uma atividade de isolamento. Ela é ação na vida quotidiana, que exige cooperação, sensibilidade e inteligência. Sem lançarmos a base de uma vida reta, a meditação torna-se uma fuga, e não tem portanto valor algum. Uma vida reta não consiste em seguir a "moralidade" social, mas em estar liberto da avidez, da inveja, da procura de poder – todos eles criadores de inimizade. Não é pela ação da vontade que podemos libertar-nos deles, mas pela atenção que lhes damos por meio do autoconhecimento. Se não conhecemos as atividades do "eu", a meditação torna-se uma forma de excitação ligada aos sentidos, e é portanto de muito pouco significado.

"Meditações" Krishnamurti

22
Fev20

Meditações (VI)

Silêncio e amplidão interior andam juntos. A imensidade do silêncio é a imensidade da mente em que não existe um centro.

"Meditações" Krishnamurti

21
Fev20

Meditações (V)

Meditar é ver se o cérebro, com todas as suas atividades, todas as suas experiências, pode ficar inteiramente silencioso; sem ser forçado a isso, porque no momento em que se força, nasce a dualidade. A entidade que diz – "gostaria de ter experiências maravilhosas, portanto tenho de forçar o meu cérebro a ficar quieto" – não conseguirá aquietá-lo. Mas se começarmos a procurar descobrir, a reparar, a escutar todos os movimentos do pensamento, o seu condicionamento, os seus interesses, os seus medos, os seus desejos, observando como o cérebro funciona, então veremos que ele se torna extraordinariamente quieto; mas essa quietude não é entorpecimento: ele está extremamente ativo e, portanto, silencioso. Um poderoso dínamo a trabalhar perfeitamente quase não se ouve; só quando há fricção, há ruído.

"Meditações" Krishnamurti

20
Fev20

Meditações (IV)

É curioso como a meditação se torna uma constante presença: não há um fim nem um princípio para ela. É como uma gota de chuva: nela estão todos os regatos, os grandes rios, os mares e as quedas de água… A gota de chuva alimenta a terra e o homem; sem ela, a terra seria um deserto. Sem a meditação, também o coração se torna um deserto, um lugar abandonado.

"Meditações" Krishnamurti

19
Fev20

Meditações (III)

A meditação é uma das maiores artes da vida – talvez a maior, e não é possível aprendê-la de alguém. Nisso reside a sua beleza. Não está sujeita a nenhuma técnica, e portanto a nenhuma autoridade. Aprendemos a respeito de nós mesmos, observando-nos, vendo o modo como andamos, como comemos, reparando no que dizemos, nas conversas fúteis e maldizentes, na inimizade, no ciúme… – estarmos atentos a tudo isto, em nós mesmos, sem qualquer escolha, faz parte da meditação.
Assim, a meditação pode acontecer quando estamos sentados num autocarro ou passeamos nos bosques cheios de luz e de sombras, quando escutamos os cantos das aves, quando olhamos o rosto da nossa mulher ou do nosso filho.

"Meditações" Krishnamurti

18
Fev20

Meditações (II)

A mente meditativa é silenciosa. Não é o silêncio que o pensamento pode imaginar; não é o silêncio de um calmo anoitecer; é o silêncio que vem quando o pensamento – com todas as suas imagens, palavras e perceções – cessa completamente. Esta mente meditativa é a mente verdadeiramente religiosa – religiosidade que não é tocada pelas igrejas, os templos ou os cânticos.
A mente religiosa é a explosão do amor – de um amor que não conhece a separação. Para ele, o longe é perto. Não é o amor de um só, ou de muitos; é, antes, um estado de amor no qual toda a divisão desaparece. Tal como a beleza, ele também não cabe na medida das palavras. E só a partir deste silêncio a mente meditativa atua.

"Meditações" Krishnamurti

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2019
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub